Fonoaudiologia atua diretamente na reabilitação da deglutição de pacientes pós-Covid-19
A pandemia da Covid-19 exigiu um pouco mais de cada um de nós e isso se aplica diretamente à Fonoaudiologia, que tem papel importante no tratamento e na recuperação dos pacientes acometidos pela doença que já matou mais de 300 mil brasileiros e hoje ocupa quase que a totalidade dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por todo País.
Especificamente na Disfagia (nome dado para quem apresenta algum grau de dificuldade para engolir), uma das áreas de atuação da Fonoaudiologia que é responsável pela alteração da deglutição. No combate à Covid-19, o fonoaudiólogo atua na UTI com foco na necessidade de manejo e redução do risco de broncoaspiração nos casos em que os pacientes foram intubados e no atendimento pós-Covid.
ATUAÇÃO HOSPITALAR
Pacientes que evoluem para o quadro mais grave da doença apresentam necessidade de intubação orotraqueal respirando por meio de ventilação mecânica. Com a recuperação, e retirada do tubo orotraqueal (extubação), alguns pacientes podem evoluir para um distúrbio da deglutição.
Neste momento, o fonoaudiólogo é acionado (fase de maior estabilidade do quadro clínico do paciente) para realizar a avaliação e intervenção fonoaudiológica com consulta, terapias diretas ou indiretas de cognição, motricidade orofacial, deglutição, respiração ou alterações na comunicação nos estágios de tratamento pós-intubação orotraqueal.
Por conta do uso de sedativos, é preciso ter uma atenção maior ao risco de disfagia nos pacientes intubados. Sabemos que 91% dos pacientes com fraqueza nos músculos (miopatias) apresentam Disfagia, como também 32% dos pacientes com a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAD), intubados por uma média de sete dias.
CAUSAS DA DISFAGIA APÓS A COVID-19
Pacientes que foram intubados para o tratamento da Covid-19 apresentam alterações na deglutição, em 25% dos casos, por seis meses após a alta hospitalar. Veja algumas das causas da Disfagia pós tratamento da Covid:
Perda de massa muscular com fraqueza da musculatura responsável pela deglutição – pessoas com diagnóstico de Covid-19 apresentam em duas/três semanas perda funcional secundária a sarcopenia (perda de massa muscular);
Alterações respiratórias – incoordenação de respiração associada a deglutição pode ser a causa da disfagia persistente. Durante a alimentação é possível a presença de fadiga. Por isso, a equipe, através do planejamento terapêutico, busca otimizar o processo de alimentação para um melhor aproveitamento nutricional com menor risco de broncoaspiração e maior independência e autonomia;
Complicações neurológicas – pacientes acometidos com Disfagia durante a Covid-19 podem sofrer Acidente Vascular Encefálico (AVE), neuropatias (fraqueza nos nervos) e miopatias (fraqueza nos músculos);
Traumas pós-intubação prolongada – provocam alterações motoras e sensoriais na laringe aumentando os riscos de lesão em pregas vocais e Disfagia;
Ausência do olfato e paladar – causa fastio e influência diretamente no mecanismo de deglutição;
Traqueotomia – causa alterações fisiológicas modificando o mecanismo de deglutição, como também alterações sensoriais. Alguns pacientes permanecem com traqueostomia mesmo após a alta hospitalar, por causa, principalmente, da fraqueza muscular.