Conselho alerta para traumas de face causados em decorrência da violência doméstica contra mulher
Apesar de campanhas e manifestações em diversos setores da sociedade, ainda temos uma longa jornada a percorrer no combate à violência contra a mulher, assim como contra gays, pessoas transgêneros e travestis. As agressões não respeitam camada social, religiosa, étnica, etária ou formativa. Além disso, de forma alarmante, ocorrem com frequência em ambiente doméstico, de convivência da vítima. Lembrando que ainda estamos no “Agosto Lilás”, mês de conscientização do combate à violência contra a mulher, mas essa vigilância precisa ser constante.
Uma das consequências da violência doméstica é o trauma facial, uma vez que as vítimas são atacadas principalmente na face e na cabeça, podendo causar lesões e/ou deformidades nessa região. “As sequelas desses traumas trazem sérios problemas para saúde física e também mental, que podem perdurar por toda vida”, disse a fonoaudióloga e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Luciana Studart.
Os traumatismos faciais comumente causam comprometimentos das funções orofaciais resultando em impactos relevantes à vida das pessoas agredidas. As sequelas podem ser graves para as funções orais como mastigação, deglutição, fonoarticulação e alteração na expressão facial. Nesse sentido, o fonoaudiólogo é um dos profissionais diretamente envolvido na assistência a essas pessoas.
O fonoaudiólogo atua nos casos em que o paciente é submetido a procedimento cirúrgico, quanto nos casos de tratamento conservador com o objetivo de minimizar as limitações funcionais provocadas por esses traumas.
PANORAMA MULTIDISCIPLINAR
Motivados pela intensificação da violência doméstica durante a pandemia da COVID-19, a equipe do projeto de extensão universitária Craniomandibular Inter, coordenado por Luciana Studart, organizou recentemente um evento que congregou vários profissionais envolvidos no trauma de face oriundo de violência doméstica. Além da Fonoaudiologia, o encontro envolveu as especialidades de áreas como Medicina, Psicologia, Assistência Social, Psicopedagogia, Enfermagem, cirurgia bucomaxilofacial, entre outras. “O panorama do trauma de face oriundo de agressões domiciliares merece todos os holofotes e o diálogo multidisciplinar”, enfatizou Studart.
O projeto de extensão Craniomandibular Inter, vinculado ao Departamento de Fonoaudiologia da UFPE recebe pacientes que sofreram traumas na região da face com demandas na área da Motricidade Orofacial.
CONTRA A VIOLÊNCIA
O Conselho Regional de Fonoaudiologia da 4ª Região (Crefono 4) repudia qualquer tipo de violência. Lembrando que, em julho de 2020, através da lei 14.022, a ONU (Organizações das Nações Unidas) tornou os serviços de apoio à mulher essenciais. Os profissionais de saúde devem ser capacitados para poder identificar traços e sinais de violência doméstica, concentrando-se principalmente à Atenção Básica de Saúde.
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