Aluno surdo é o primeiro a defender tese de doutorado na UFPE


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A última segunda-feira (9) foi um dia histórico na Universidade Federal de Pernambuco. Pela primeira vez, um aluno surdo defendeu uma tese de doutorado na UFPE. Marcelo Amorim, de 38 anos, apresentou seu trabalho no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática (Cin) abordando a acessibilidade de ambientes virtuais para surdos, a partir de suas próprias dificuldades como uma pessoa com deficiência no ambiente acadêmico.

O título da tese foi “Acessibilidade de Ambientes Virtuais de Aprendizagem: Uma Abordagem pela Comunicabilidade para Pessoas Surdas”. Assim, o trabalho foi desenvolvido em meio aos obstáculos de ser o primeiro estudante surdo a ter acesso à pós-graduação da UFPE.

Marcelo Amorim é professor do curso de Letras Libras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com foco na linha de pesquisa a Educação à Distância (EaD) para surdos, ele desenvolveu em seu trabalho de doutorado a intersecção de três campos: a Design Science Research, a Educação a Distância e a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Desta forma, no trabalho desenvolvido, ele pôde investigar a usabilidade, acessibilidade e comunicabilidade voltadas para as pessoas surdas usurárias de Libras em uma plataforma de ensino e aprendizagem. Com isso, buscou reduzir limitações na inclusão de pessoas surdas em contexto de EaD tendo como base a sua trajetória.

“Eu fui o primeiro aluno surdo a ingressar no programa de pós-graduação do Centro de Informática e não foi tão fácil. No começo, faltou acessibilidade e também foi um processo que precisou envolver outras instâncias para que eu pudesse conseguir um intérprete na UFPE, foi um momento que envolveu vários passos, até que eu pudesse de fato ser um aluno da pós-graduação”, afirmou.

Como o Núcleo de Acessibilidade (NACE) da UFPE ainda não havia sido criado quando entrou na universidade, Marcelo teve de criar estratégias para solucionar a parte burocráticas do processo de apoio. Assim como acessibilidade da parte social de convívio com alunos e professores.

“Posso afirmar que fiz parte do processo de aprimoramento do sistema de acolhimento e apoio aos surdos da UFPE sim, pois provoquei a universidade a pensar na acessibilidade e inclusão do sujeito surdo. Durante reuniões com a pró-reitoria, eu lembro de discussões por eu ser o primeiro aluno a enfrentar certas situações e que, portanto, esse seria o primeiro processo para solucionar tais problemas em um espaço público”, concluiu Marcelo Amorim.

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