Voz: fonoaudiólogos iniciam maratona do Carnaval


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Para muitos, o Carnaval é sinônimo de diversão. Mas, para uma turma de fonoaudiólogos a folia de Momo é considerada o ápice da realização profissional. È durante a maior festa do ano que todo um trabalho é coroado. “É fantástico você acompanhar de perto o resultado do seu trabalho durante o Carnaval. Ver o artista bem consciente de estar usando a voz, sem lesão, rouquidão. Eu me sinto muito realizada”, descreveu a fonoaudióloga Regina Granjeiro, que há 14 anos acompanha da cantora Claudia Leite.

No Carnaval, a jornada de trabalho desses fonoaudiólogos chega a mais de 16 horas por dia. Apesar do pique entre um circuito e outro, o prazer pela profissão supera o cansaço e esses profissionais se orgulham do trabalho que realiza com os cantores. “Mesmo puxado, o melhor momento é quando acaba o Carnaval e eles (cantores) chegam para nos agradecer e dizer que poderia começar outro carnaval que a voz está massa. Isso é muito gratificante, sem palavras”, comentou Emile Rocha, que acompanha os cantores Xanddy (Harmonia do Samba), Mari Antunes (Babado Novo) e Tays Reis (Banda Vingadora).  

O Carnaval também é especial para esses cantores, apelidados de maratonistas da voz. “Cantar e dançar é sempre um grande desafio para cantores. É preciso muito treino e resistência vocal”, explicou Valéria Leal, fonoaudióloga que desenvolveu um método que trabalha a resistência da voz no canto de longa duração ou na alta demanda vocal vivida por cantores no auge do sucesso profissional. Na lista de seus clientes nomes como Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Daniela Mercury, Carla Cristina, Alinne Rosa, Tomate, Vina Calmon, Beto Jamaica, Igor Kannário e Alexandre Peixe, além da cantora de funk Anita.

A fonoaudióloga, especialista em Voz há mais de 20 anos, afirmou que não há como manter a mesma qualidade vocal durante a alta demanda vocal sem que haja orientação e treinamento adequados. O método de preparação vocal – idealizado por ela – permite a conquista de novos hábitos e o restabelecimento do bioequilíbrio. “O trabalho tem como objetivo a resistência e a manutenção da qualidade da voz mesmo sob forte impacto vocal”, detalhou Leal.

Segundo seu método de trabalho o cantor precisa aquecer a musculatura da laringe através de exercícios específicos, fazer nebulização com soro fisiológico e desaquecer a voz ao finalizar o canto. Com base no monitoramento vocal e com a ajuda de análise acústica computadorizada é possível identificar as frequências mais alteradas pelo uso intenso da voz e evitar a fadiga vocal, perda da qualidade da voz ou até um colapso (afonia) durante a maratona que os cantores enfrentam no período de Carnaval.

Segundo Valéria Leal, a cada 24 horas, os cantores têm um edema na laringe e, no terceiro dia de show consecutivo, começam a se assustar com a perda expressiva da qualidade da voz e sofrem para cumprir a agenda exaustiva. Para fazer artistas roucos voltarem a cantar, os fonoaudiólogos passam aos cantores diversos exercícios vocais, para projeção, flexibilidade e resistência da voz.

Alguns profissionais ainda utilizam vaporterapia, crioterapia e uma espécie de drenagem linfática na laringe para diminuir o edema vocal. O uso da eletroestimulação e de carboidrato de ingestão rápida, uma bebida usada por atletas e maratonistas para diminuir o efeito da fadiga, também é utilizado por fonoaudiólogos.

ACOMPANHAMENTO PERMANENTE

Engana-se quem acredita que os fonoaudiólogos são importantes apenas durante o Carnaval. De acordo com Marcus Carvalho, o Carnaval é ano inteiro. “Eles estão mais consciente da importância da Fonoaudiologia e realizam um trabalho permanente. Tenho clientes que estão comigo há cinco anos e semanalmente realizam essa malhação vocal. Isso reflete nos shows durante todo ano e com certeza durante essa maratona vocal que é o Carnaval, onde cantores têm uma jornada de quatro a oito horas de show em cima de trio elétrico e ainda correm para os camarotes para cantarem mais duas ou três horas”, explicou.

Trabalhando com cantores desde 1989, Regina Granjeiro acredita que essa consciência da importância permanente da Fonoaudiologia começou no final da última década.  “No início eles escondiam que estavam fazendo tratamento fonoaudiológico. Ter uma fenda vocal era algo que eles não admitiam falar em público. Com o passar do tempo esses cantores foram entendendo a importância da nossa profissão e passando um para o outro”, relembrou.

FONOAUDIÓLGOS NA LABUTA

Emile Rocha

Ivan Alexandre

Janaína Pimenta

Marcus Carvalho

Rafaella Góes

Thiago Ferreira

Valéria Leal

Valéria Rezende

 

* As imagens e depoimentos postados nesta matéria foram enviados e/ou retirados do Facebook e Instagran dos fonoaudiólogos envolvidos. Caso você seja fonoaudiólogo e também esteja trabalhado durante este Carnaval envie seu depoimento com foto para imprensacrefono4@gmail.com

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