Estudo mostra que crianças com autismo não reagem a odores desagradáveis


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A testa se franze, os olhos quase se fecham e os lábios, cerrados, se aproximam do nariz, como se quisessem protegê-lo. Isso quando os dedos não concretizam a intenção e se apressam em tapar as narinas. Poucas reações são tão difíceis de evitar quanto a desencadeada por um cheiro ruim. Essa resposta natural e imediata a odores desagradáveis, porém, não acontece da mesma maneira em crianças com o transtorno do espectro autista, revela estudo publicado na edição mais recente da revista especializada Current Biology. Liderado por especialistas do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, o artigo sugere que é possível elaborar testes não verbais que ajudem no diagnóstico precoce desse distúrbio.

Os autores do trabalho partiram de evidências de que o cérebro de autistas tem desajustes em mecanismos que coordenam ações motoras e os cinco sentidos. Não estava claro, no entanto, se essa falta de sintonia apareceria em um exame da resposta olfativa.

Para tirar a dúvida, os cientistas liderados por Noam Sobel elaboraram o seguinte experimento: após selecionar 18 crianças saudáveis e 18 diagnosticadas com o transtorno, eles convidaram os voluntários a se sentarem em uma poltrona confortável enquanto assistiam a desenhos animados por 10 minutos. Dois finos tubos ficavam posicionados perto das narinas dos pequenos. Um deles levava diferentes cheiros — alguns desagradáveis, outros não — até as narinas. A segunda mangueira servia para que os pesquisadores monitorassem a respiração.

Quando as crianças sem o transtorno eram expostas a um cheiro ruim, elas logo ajustavam a respiração, parando, por exemplo, de inspirar pelo nariz. Essa resposta era imediata, demorando apenas 305 milissegundos, em média, para acontecer. Já os voluntários com o espectro autista não agiam da mesma maneira. “A diferença entre o padrão olfativo das crianças com um desenvolvimento típico e o daquelas com autismo foi gritante”, diz, em um comunicado, Noam Sobel, líder do estudo.

Se o experimento constituísse um teste para diagnosticar o autismo no grupo de 36 crianças, ele acertaria em 81% das vezes. Além disso, os voluntários que apresentaram as respostas mais diferentes, demorando mais tempo para mudar a respiração, por exemplo, eram aqueles que, cotidianamente, apresentavam maiores dificuldades de interação social e sintomas mais severos do transtorno.

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