A gagueira é tão séria quanto a dislexia e o TDAH
Você tem um aluno com gagueira em sua classe? Embora muitos professores pensem que não têm, uma em cada 80 crianças tem dificuldades de fala e comunicação.
Assim como já vem ocorrendo com a dislexia e o TDAH (condições que estão inclusive suscitando a criação de leis específicas para melhorar sua identificação precoce nas escolas), a gagueira, por força de sua prevalência (e também de sua significativa consequência), está finalmente começando a ser vista de forma menos negligente no ambiente escolar – pelo menos na Inglaterra. Esta é a perspectiva trazida pelo lançamento do programa educacional britânico “Wait, Wait, I%u2019ve not finished yet” (“Espere, espere, ainda não acabei%u2026”):
O objetivo do programa é oferecer a crianças com gagueira um apoio especializado semelhante ao que já é dado a crianças com dislexia e TDAH nas escolas britânicas, bem como capacitar professores para identificar e auxiliar alunos com distúrbios da comunicação oral.
O programa foi lançado pelo ator, escritor e comediante inglês Michael Palin (mais conhecido por ser um dos integrantes do famoso grupo Monty Python) e pelo secretário de educação britânico, Ed Balls. A reportagem também contou com a participação de Cherry Hughes (diretora educacional da British Stammering Association – Associação Britância de Gagueira).
Durante o lançamento, Michael Palin falou sobre sua experiência pessoal com a gagueira na família (seu pai era gago) e sobre a importância de oferecer ajuda especializada a crianças que gaguejam. Seu ativismo em favor de pessoas com dificuldades de comunicação teve início logo depois de seu papel no filme “Um Peixe Chamado Wanda”, de 1988, em que ele interpretou um personagem com gagueira severa.
Ed Balls também falou sobre sua experiência pessoal com a gagueira e sobre as enormes dificuldades enfrentadas por essas crianças, entre elas o bullying. Na ocasião, ele manifestou o desejo do governo de ampliar ainda mais a ajuda para estudantes com dificuldades de comunicação.
Dado o enorme impacto que a gagueira pode ter sobre a qualidade de vida de uma pessoa, bem como a absoluta falta de conhecimento que a maioria da população ainda tem sobre o que é a gagueira persistente e qual a melhor forma de lidar com ela, o exemplo britânico deveria servir de estímulo para que outros países começassem a incluir a gagueira entre os distúrbios do neurodesenvolvimento que precisam muito de identificação precoce, tal como o autismo, a dislexia ou o TDAH %u2013 afinal, assim como ocorre com todos eles, a janela ideal de intervenção na gagueira tende a ser estreita.