Atenção com a saúde da voz e audição das crianças deve começar desde a gestação
Nenhuma data poderia ser tão emblemática como o Dia das Crianças para alertar os pais para os cuidados com a saúde de seus filhos. A fala e a audição são dois sentidos importantes para a detecção de algum problema no desenvolvimento das crianças.
E isso, muito antes dos “prazos” pré-determinados. Geralmente, os pais começam a atentar para os aspectos cognitivos – especialmente os relacionados à linguagem – após o um ano e meio.
– Essa atenção deveria começar muito antes, já que o choro é a primeira forma de comunicação de qualquer ser humano. Através deste som, as mães são capazes de perceber se seu filho está com fome, com dor ou se algo não está legal. Por isto, é preciso estar atento à saúde da voz e a audição do bebê desde a gestação – afirma Irene Marchesan, presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
O que é a disfonia infantil
Trata-se da dificuldade na produção da voz e/ou da alteração, como cansaço, rouquidão, voz fina ou grossa.
Segundo a fonoaudióloga Anna Alice Almeida, vice-Coordenadora do Departamento de Voz da SBFa, como a laringe da criança não está fisiologicamente madura para suportar atividades de alta demanda vocal, podem ocorrer impactos negativos nas pregas vocais. Por isso, é preciso que os pais atentem aos comportamentos vocais abusivos dos filhos, pois eles podem vir a gerar nódulos vocais.
Por outro lado, crianças muito quietas podem apresentar tensão ao falar, gerando o mesmo impacto. O importante é, assim, observar como a voz é utilizada e procurar minimizar esforços desnecessários.
O tratamento ideal é o interdisciplinar, com uma intervenção compartilhada entre o otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo, a família e a escola. Todos esses agentes podem atuar de forma integrada em prol da reeducação vocal da criança, eliminando os hábitos nocivos e favorecendo uma produção vocal de qualidade e sem esforço de acordo com as características de personalidade.
Perda auditiva na infância
As crianças podem ser acometidas por diferentes tipos e graus de perda auditiva, seja devido a intercorrências no período de gestação (pré-natais) ou no período pós-nascimento (pós-natais).
A fonoaudióloga Dóris Lewis, Coordenadora do Departamento de Audição da SBFa, explica que as perdas auditivas de origem pré-natal podem ser ocasionadas principalmente por infecções congênitas, como a rubéola materna, citomegalovirus, toxoplasmose, herpes ou sífilis, além de problemas hereditários, como má formação da orelha ou algumas síndromes, como a Síndrome de Down.
– Crianças nascidas prematuras e que permanecem na UTI Neonatal têm um risco maior de serem acometidas por algum grau de perda auditiva – completa Lewis.
No pós-natal, as principais causas de perda auditiva são meningite, caxumba ou otites médias.
– As otites médias são muito comuns em crianças pequenas e em idade escolar e, por isso, é importante fazer exames periódicos para checar se está tudo bem com a audição das crianças – ressalta a fonoaudióloga.
Caso haja perda auditiva permanente, é comum a indicação de próteses auditivas e a terapia fonoaudiológica, com o objetivo de auxiliar o desenvolvimento da linguagem. Já para as perdas auditivas transitórias, o recomendado é que o otorrinolaringologista indique os tratamentos necessários.
Confira algumas dicas da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia para ajudar no cuidado com a voz e com a audição das crianças
– Incentive a criança a falar sem gritar
– Ofereça bons modelos, não fale muito alto
– Cuide da saúde geral de seu filho, e procure sempre um especialista no caso de muita tosse, pigarros ou resfriados
– Mantenha a hidratação. Beber água é muito importante!
– Ensine que dormir adequadamente é fundamental
– Demonstre que a fala deve ocorrer de forma articulada
Fonte: Zero Hora