Determinantes Sociais da Saúde em debate mundial
Onde foi publicado: ENSP
Data: 12/08/2011
Autor: Tatiane Vargas
Determinates Sociais da Saúde em debate mundial
Na sexta-feira (5/8), foi realizado, no auditório térreo da ENSP, o Seminário Preparatório para a Conferência Mundial de Determinantes Sociais da Saúde, a ser realizada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, de 19 a 21 de outubro. O seminário, organizado pelo Centro de Estudos, Política e Informação sobre os Determinantes Sociais da Saúde (Cepi-DSS/ENSP), teve como principal objetivo, debater os cinco temas que serão abordados na CMDSS 2011.
Em entrevista ao Informe ENSP, Alberto Pellegrini, coordenador do Cepi-DSS/ENSP, falou sobre as discussões promovidas no seminário e como elas ajudarão na Conferência Mundial. Segundo ele, a atividade procurou discutir as cinco linhas de ação – intersetorialidade, participação social, medição e monitoramento das iniquidades em saúde, papel do setor saúde e ação internacional sobre os DSS – referidas à realidade brasileira, oferecendo para a comunidade internacional a rica experiência de um país que vem se destacando pela preocupação com o desenvolvimento social. Pellegrini apontou também os impactos políticos e de saúde que a conferência terá no sentido de promover o desenvolvimento humano sustentável.
Informe ENSP: Os objetivos propostos pelo seminário preparatório foram alcançados?
Alberto Pellegrini: As atividades preparatórias para a Conferência Mundial de Determinantes Sociais da Saúde, que vem sendo desenvolvidas pelo Centro de Estudos, Política e Informação sobre os Determinantes Sociais da Saúde (Cepi-DSS/ENSP), em parceria com o Centro de Relações Internacionais (Cris/Fiocruz) e outras unidades da Fundação, com apoio do Ministério da Saúde e outros ministérios, têm o objetivo de divulgar a CMDSS no Brasil e contribuir para promover um amplo debate nacional sobre os temas da conferência. Esse debate é importante não apenas para fortalecer a participação brasileira durante a CMDSS, como também a implantação de suas recomendações e conclusões no país. O seminário se insere neste conjunto de atividades junto com o lançamento do Portal www.cmdss2011.org e do número especial da revista Cadernos de Saúde Pública com estudos brasileiros sobre DSS, entre outras atividades. Podemos dizer que o seminário trouxe uma importante contribuição para o alcance desses objetivos. Tivemos uma participação ativa de convidados presentes no auditório da ENSP, representantes de mais de dez ministérios do governo federal, bem como de representantes de governos estaduais e municipais, organizações da sociedade civil e especialistas. A transmissão via internet da totalidade do seminário, através do Canal Saúde, permitiu cerca de mil acessos em todo o Brasil. Além da quantidade, diversidade e participação ativa desses atores, deve-se destacar a qualidade das intervenções que, sem dúvida, contribuirão para o alcance dos objetivos da própria Conferência Mundial.
Informe ENSP: Que contribuições as discussões do seminário preparatório levarão para a Conferência Mundial de Determinantes Sociais da Saúde?
Alberto Pellegrini: Os cinco temas da CMDSS estão relacionados entre si e buscam destacar as principais linhas de ação para o combate às iniquidades em saúde por meio de intervenções sobre os DSS. São eles: intersetorialidade, participação social, medição e monitoramento das iniquidades em saúde, papel do setor saúde e ação internacional sobre os DSS. O seminário procurou discutir essas linhas de ação referidas à realidade brasileira oferecendo para a comunidade internacional a rica experiência de um país que vem se destacando pela preocupação com o desenvolvimento social.
Informe ENSP: Que balanço você faz do evento?
Alberto Pellegrini: O seminário é parte de um processo de discussão dos temas da CMDSS. Nesse sentido, contribuiu decisivamente para reforçar esse processo. Acho importante mencionar que, se o objetivo central da CMDSS é promover o debate e o compromisso com a atuação sobre os DSS, para nós a conferência já começou. Em todos os painéis, além da análise da situação, tanto os palestrantes como a audiência buscaram discutir estratégias e experiências concretas de atuação para melhorar a coordenação intersetorial, fortalecer a participação social, tornar os sistemas de informação mais sensíveis à detecção e acompanhamento das tendências da iniquidades e assim por diante. Todas as palestras e discussões foram gravadas em vídeo e áudio e serão publicadas pelo Portal www.cmdss2011.org, de maneira a continuar promovendo o debate.
Informe ENSP: Como o Cepi-DSS pretende atuar frente aos Determinantes Sociais da Saúde após a CMDSS?
Alberto Pellegrini: As principais linhas de atuação do Cepi-DSS são a criação e manutenção do Observatório sobre Iniquidades em Saúde, que deve permitir o monitoramento das iniquidades em saúde, assim como o acompanhamento e avaliação de políticas e intervenções sobre os DSS. Além disso, o Cepi-DSS deve realizar cursos de capacitação presenciais e a distancia para gestores e profissionais da área social, desenvolver estudos e pesquisas sobre os DSS, promover redes colaborativas de pesquisadores e gestores e desenvolver atividades de comunicação sobre DSS a setores de governo, acadêmicos, profissionais e público em geral. Várias dessas linhas de atuação já estão em curso e, após a conferência, deverão concentrar-se no apoio á implantação de suas recomendações. Além disso, em razão de os DSS serem bastante diversificados de acordo com a região do país, por exemplo, os DSS mais importantes para a região Nordeste não necessariamente são os mesmos para Norte ou Sudeste. Pretendemos promover, no nível de cada região, discussões a respeito de políticas e programas de ação sobre os DSS adequados a esses diferentes contextos com base nas recomendações da CMDSS. Dessas discussões promovidas por diversos meios, devem participar autoridades, gestores, sociedade civil e especialistas locais.
Informe ENSP: De que maneira toda essa discussão em torno dos DSS influenciará a saúde pública no Brasil?
Alberto Pellegrini: Nossa preocupação é com o impacto que a conferência possa ter nas políticas não apenas de saúde como também nas políticas sociais que promovam um desenvolvimento humano sustentável. Seria realmente uma oportunidade perdida caso a conferência se limitasse a um evento pontual sem grandes consequências em termos de influência em nossas políticas sociais.